O GOLPE DAS SACOLAS RETORNÁVEIS
Prof. Dr. Luiz Alberto Silveira Mairesse
Perguntemos a qualquer pessoa o que ela faz com as sacolas plásticas de supermercado. Imediatamente ela dirá que as reutiliza para colocar o lixo doméstico. Ora, há alguns tempos atrás o lixo era colocado em latas na frente das casas. Depois surgiram os sacos plásticos que se comprava nos supermercados. Com o surgimento das sacolas plásticas, os sacos específicos para lixo praticamente desapareceram.
Tentou-se incutir, sem êxito, na população que o uso de sacolas retornáveis seria ambientalmente mais sustentável e para isto foi feita uma intensa campanha nacional. Há coisas que se pode enganar facilmente um povo, mas este não foi o caso. Poucos foram os que se deixaram iludir por esta tentativa das associações de supermercados, amparadas por algumas ONGs e até mesmo por autoridades governamentais. Ora, quem sabe que as sacolas plásticas têm uma segunda utilidade, que é colocação de lixo, vê logo que o que estão querendo é que a população volte a ter que comprar os antigos sacos plásticos de lixo.
Pura safadeza. E o pior de tudo é que em alguns estados e municípios brasileiros, além do incentivo à substituição das sacolas plásticas pelas retornáveis e pagas pelo consumidor, estão criando leis neste sentido.
É preciso que o Ministério Público e o Poder Judiciário (com os quais, infelizmente, se pode contar muito pouco) interfiram, pois por trás disso tudo pode haver muitos interesses em jogo, principalmente quando os principais beneficiários, os donos dos supermercados, são os que estão na frente desta tentativa de atingir o bolso dos consumidores. E por que um absurdo desses está se tornando lei? Ora, neste Brasil do vale-tudo e do salve-se-quem-puder, há que se perguntar: Não estão “rolando” mais umas propinas por aí? Posta em prática esta proposta absurda, a única diferença que vai haver é que os mercados vão economizar com embalagens e nós vamos ter um gasto a mais, na compra de sacos plásticos de lixo. Será que esta vai ser a única diferença, o que por si só já é inaceitável? Infelizmente, não!
Estudo recente da Agência Ambiental da Inglaterra (Circe Bonatelli, Agência Estado, 11 de abril de 2011) demonstra que as sacolinhas plásticas são mais sustentáveis, pois causam menos danos ambientais do que as demais, levando em conta uma única utilização. A pesquisa do órgão do governo inglês demonstrou que sacolas de papel, plástico resistente (polipropileno) e algodão consomem muito mais matéria-prima e energia, precisando ser reutilizadas, respectivamente, 3 vezes, 11 vezes e 131 vezes, para fazer frente às sacolinhas de plástico. Ora, se nós, brasileiros utilizamos (e os ingleses também, diz a pesquisa) tais embalagens por duas vezes, os outros modelos teriam que ser reutilizados no dobro. Alguém pode imaginar, por exemplo, que seria possível reutilizar um saco de papel por 6 vezes? Ou uma sacola de algodão por 262 vezes? Assim, o potencial de aquecimento global pode ser pior, como afirma a pesquisa inglesa.
Mas há um argumento imbatível e definitivo: Se levarmos em conta que haveria apenas a substituição de sacolas plásticas fornecidas pelos supermercados, as quais reutilizamos para colocar lixo, por aqueles sacos plásticos pretos pagos pelos consumidores, o ambiente só tem ainda mais a perder, devido a um volume maior de embalagens (as sacolas retornáveis), inclusive de plástico, lançadas ao meio.
O povo não é idiota e não está caindo nessa, mas os supermercados estão utilizando outros meios para passar esta proposta absurda. Virando lei, como já está acontecendo, seremos obrigados a aceitar o “golpe das sacolas retornáveis”. Além de um golpe ao nosso bolso, é mais um atentado ao ambiente, com a pretensão de defendê-lo. Será que nossas autoridades vão ficar atentas ao que está acontecendo, ou vão também se deixar “convencer”, aprovando leis absurdas? E o MP vai fazer alguma coisa ou vai também embarcar nessa canoa? Pobre de nós, brasileiros, órfãos de autoridades, governos e representantes...
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